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3 de julho de 2013 por Rogério Soares

Mahamudra de Tilopa

Mahamudra de Tilopa
3 de julho de 2013 por Rogério Soares
A Instrução Mahamudra para Naropa em Vinte e Oito Versos
A Instrução Mahamudra para Naropa em Vinte e Oito Versos foi transmitida pelo grande mestre e mahasiddha Tilopa ao pandita, sábio e siddha de Kashmir, Naropa, próximo aos bancos do rio Ganges, após completar suas doze austeridades. Naropa transmitiu os ensinamentos em sânscrito, na forma de vinte e oito versos, ao grande tradutor Marpa Chökyi Lodrö, que fez uma tradução livre deste texto em sua vila, Pulahari, na fronteira do Tibet com o Butão.
 
Homenagem aos Oitenta e Quatro Mahasiddhas!
 
Homenagem ao Mahamudra!
 
Homenagem à Vajradakini!
 
 
[1] O Mahamudra não pode ser dito, mas ó inteligente Naropa,
 
Como você passou pela austeridade rigorosa,
 
Com tolerância no sofrimento e devoção ao mestre,
 
Ó abençoado, guarde esta instrução secreta em seu coração.
 
 
[2] O espaço é suportado em algum lugar? Sobre o que ele repousa?
 
Como o espaço, o Mahamudra não depende de coisa alguma;
 
Relaxe e se assente no continuum da pureza indestrutível
 
E, com as amarras soltas, a liberação é certa.
 
 
[3] Olhando concentradamente para o céu vazio, a visão cessa;
 
Do mesmo modo, quando a mente olha para a própria mente,
 
Termina o treinamento do pensamento discursivo e conceitual
 
E a iluminação completa é obtida.
 
 
[4] Assim como a neblina da manhã se dissolve no ar,
 
Indo a lugar nenhum mas cessando de ser,
 
As ondas da conceitualização — tudo criação da mente — se dissolvem
 
Quando você observa a verdadeira natureza de sua mente.
 
 
[5] O espaço puro não tem cor ou forma
 
E não pode ser manchado de preto ou branco;
 
Assim também, a essência da mente está além da cor e da forma
 
E não pode ser manchada por ações negras ou brancas.
 
 
[6] A escuridão de mil eras não tem poder
 
Para ofuscar a claridade de cristal do coração do sol;
 
E do mesmo modo, eras de samsara não têm poder
 
Para encobrir a luz clara da essência da mente.
 
 
[7] Apesar do espaço ser designado de vazio,
 
Na realidade ele é inexprimível;
 
Apesar da natureza da mente ser chamada de luz clara,
 
Sua própria atribuição é uma ficção verbal sem base.
 
 
[8] A natureza original da mente é como o espaço;
 
Ela permeia e abraça todas as coisas sob o sol.
 
Seja calmo e permaneça relaxado no conforto genuíno,
 
Seja quieto e deixe o som reverberar como um eco,
 
Mantenha silenciosa a sua mente e assista o fim de todos os mundos.
 
 
[9] O corpo é essencialmente vazio, como um tronco de junco,
 
E a mente, como o espaço puro, transcende absolutamente o mundo do pensamento;
 
Relaxe em sua natureza intrínseca, sem abandono ou controle —A mente sem objetivo é o Mahamudra
 
—E, com a prática perfeita, a iluminação suprema é obtida.
 
 
[10] A luz clara do Mahamudra não pode ser revelada
 
Pelas escrituras canônicas e tratados metafísicos
 
Do Mantravada, das Paramitas ou do Tripitaka;
 
A luz clara é encoberta pelos conceitos e idéias.
 
 
[11] Nutrindo preceitos rígidos, o verdadeiro samaya é enfraquecido,
 
Mas com a cessação das atividades mentais, todas as noções fixas se apaziguam;
 
Quando a maré do oceano é una com suas profundezas pacíficas,
 
Quando a mente nunca se desvia da verdade indeterminada e não-conceitual,
 
O samaya inquebrável é como uma lâmpada acesa na escuridão espiritual.
 
 
[12] Livre dos conceitos intelectuais, desaprovando os princípios dogmáticos,
 
A verdade de cada escola e escritura é revelada.
 
 
[13] Absorvido no Mahamudra, você está livre da prisão do samsara;
 
Equilibrado no Mahamudra, a culpa e a negatividade são consumidas;
 
E como um mestre do Mahamudra, você é a luz do Dharma.
 
 
[14] O tolo em sua ignorância, desprezando o Mahamudra,
 
Nada conhece além da luta na inundação do samsara.
 
Tenha compaixão por aqueles que sofrem de constante ansiedade!
 
Doente de um sofrimento inflexível e desejando a liberação, adira a um mestre,
 
Pois quando a bênção dele tocar o seu coração, a mente é liberada.
 
 
[15] Kyeho! Ouça com alegria!
 
O investimento no samsara é fútil; é a causa de cada ansiedade.
 
Já que o envolvimento mundano é inútil, procure o coração da realidade.
 
 
[16] Na transcendência das dualidades da mente, está a visão suprema;
 
Em uma mente calma e silenciosa, está a meditação suprema;
 
Na espontaneidade, está a atividade suprema;
 
E quando todas as esperanças e medos falecem, a meta é alcançada.
 
 
[17] Além de todas as imagens mentais, a mente é naturalmente clara:
 
Não siga outro caminho que não seja o dos buddhas,
 
Não aplique técnica alguma para obter a iluminação suprema.
 
 
[18] Kyema! Ouça com simpatia!
 
Com a sabedoria em seu lamentável predicamento mundano,
 
Percebendo que nada pode durar, que tudo é como um sonho,
 
Como uma ilusão sem significado, que provoca frustração e aborrecimento,
 
Retorne e abandone suas buscas mundanas.
 
 
[19] Corte o envolvimento com sua terra natal e seus amigos
 
E medite sozinho em um retiro na floresta ou na montanha;
 
Fique lá em um estado de não-meditação
 
E, atingindo o não-atingimento, você atinge o Mahamudra.
 
 
[20] Uma árvore estende seus galhos e põe folhas,
 
Mas quando sua raiz é cortada, sua folhagem seca.
 
Assim também, quando a raiz da mente é cortada,
 
Os galhos da árvore do samsara morrem.
 
 
[21] Uma única lâmpada elimina a escuridão de mil eras;
 
Do mesmo modo, um único lampejo da luz clara da mente
 
Apaga eras de condicionamento kármico e cegueira mental.
 
 
[22] Kyeho! Ouça com alegria!
 
A verdade além da mente não pode ser compreendida por qualquer faculdade mental;
 
O significado da não-ação não pode ser compreendido pela atividade compulsiva;
 
Perceber o significado da não-ação e do além-mente
 
Corta a mente em sua raiz e repousa na consciência nua.
 
 
[23] Permita que as águas barrentas da atividade mental se clareiem;
 
Refreie tanto a projeção positiva quanto a negativa —
 
Deixe as aparências sozinhas.
 
O mundo dos fenômenos, sem adição ou subtração, é o Mahamudra.
 
 
[24] A onipresente base não-nascida dissolve seus impulsos e delusões;
 
Não seja convencido ou calculista, mas repouse na essência não-nascida
 
E deixe se dissolver todos os conceitos de si mesmo e do universo.
 
 
[25] A mais elevada visão abre cada porta;
 
A mais elevada meditação sonda as profundezas infinitas;
 
A mais elevada atividade é não-governada, porém decisiva;
 
E a mais elevada meta é o ser comum, sem esperança ou medo.
 
 
[26] No começo, seu karma é como um rio caindo em um desfiladeiro;
 
No meio, ele flui como um rio Ganges serpenteando gentilmente;
 
E no fim, assim como um rio se torna um com o oceano,
 
Ele termina na consumação, como o encontro de mãe e filho.
 
 
[27] Se a mente for estúpida e você for incapaz de praticar estas instruções,
 
De reter a respiração essencial e expelir a seiva da consciência,
 
De praticar olhares fixos — métodos de focalizar a mente —,
 
Discipline-se até que o estado de consciência mental se estabeleça.
 
 
[28] Quando servir a uma consorte, a consciência pura do êxtase e da vacuidade surgirá.
 
Disposto na abençoada união da sabedoria e dos meios hábeis,
 
Envie a bodhichitta vagarosamente baixo, retenha-a, retraia-a para cima
 
E, conduzindo-a à fonte, sature o corpo inteiro.
 
Mas essa consciência surgirá apenas se o desejo e o apego estiverem ausentes.
 
Então, obtendo a jovialidade da vida longa e eterna, crescente como a lua,
 
Radiante e clara, com a força de um leão,
 
Você obterá rapidamente o poder mundano e a iluminação suprema.
 
Possa esta instrução essencial do Mahamudra Permanecer nos corações dos seres afortunados.
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