O Yoga dos Oito Ramos
O Yoga Clássico recebe o nome de “Ashtaunga Yoga” e foi sistematizado pelo yogue Patanjali, que viveu entre 200 a.C. a 400 d.C. Ashta significa “oito” e Aunga, “partes, ramos ou membros”. Os “Oito Ramos do Yoga” são respectivamente:
1) Yama – Comportamento Social
2) Niyama – Disciplinas Pessoais
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Bem-estar pessoal e social
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3) Asana – O Corpo
4) Pranayama – A Respiração
5) Pratyahara – Os Sentidos
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Bem-estar físico
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6) Dharana – Concentração
7) Dhyana – Meditação
8) Samadhi – Liberação
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Bem-estar mental
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Trata-se de um sistema completo para o autodesenvolvimento do indivíduo que busca aperfeiçoar-se tanto nas esferas pessoais – seu corpo, mente e espírito, assim como em sua conduta social e universal, ou seja, a base ética da qualidade das relações que estabelece com o mundo ao seu redor – que espelham e refletem o gentil e corajoso esforço de refinar-se interiormente.
No sistema clássico do Yoga, os Princípios Éticos Universais chamados de Yama e Niyama, são as bases para se ingressar e então avançar com segurança nas práticas de autodesenvolvimento. Isto por que auxiliar um indivíduo desprovido de ética e compaixão a expandir suas capacidades físicas e seu poder mental certamente acarretará em seu próprio infortúnio assim como levará ao sofrimento as pessoas e demais seres ao seu redor. (Haja visto o resultado das ações de políticos, militares, religiosos e empresários poderosos, desprovidos de ética e compaixão, que levam toda uma sociedade e a natureza ao padecimento pela exploração, desigualdade, alienação, violência e injustiça).
Assim sendo, ao aspirante que deseja iniciar-se na senda do Yoga, é requerido um exame sincero de consciência que o leve a refletir sobre sua afinidade natural com os princípios éticos de Yama e Niyama. Caso encontre a si mesmo despreparado para avançar, é sugerido que busque instruções de como refinar-se no caminho da compaixão, dedicando parte de seu tempo e energia a servir, desinteressadamente a pessoas e seres em sofrimento.
É uma sugestão difícil para este tempo em que a mentalidade mercantilista, acostumou-nos a acreditar que temos direito a tudo por termos dinheiro para pagar e comprar. Todavia, no campo da espiritualidade sincera e verdadeira, não há moeda mais valiosa que a simplicidade, a humildade e a compaixão, que não podem ser adquiridas por meio de valor material algum, somente por experiências pessoais de dedicação e serviço desinteressado ao próximo e à criação em sofrimento.
Os Princípios de Ética Universal – Yama e Niyama
YAMA (Princípios de Ética Social)
1. AHIMSA – significa não ferir ou magoar intencionalmente nenhum ser, mesmo lhes causar sofrimento através de pensamentos, palavras ou ações.
2. SATYA – consiste em usar a mente e as palavras com propósitos benevolentes, mantendo o espírito da verdade.
3. ASTEYA – significa abster-se do desejo de tomar ou manter objetos alheios; Asteya significa não roubar.
4. BRAHMACARYA – consiste em manter a mente absorta em Brahma – a Consciência Suprema – a todo instante.
5. APARIGRAHA – é abster-se de coisas supérfluas e desnecessárias à manutenção do corpo. Levar uma vida simples.
NIYAMA (Princípios de Ética Pessoal)
1. SHAOCA – limpeza do corpo e da mente. Os métodos para a purificação mental são: benevolência para com todos os seres, serviço e dedicação ao bem-estar dos outros e ser sempre prestativo.
2. SANTOSA – significa manifestar contentamento em relação a tudo o que lhe for dado, mesmo com aquilo que não foi desejado. É importante manifestar alegria constante.
3. TAPAH – consiste em suportar as provações físicas para alcançar a meta. As formas de fazer tapah são: upavasa (jejum), serviço ao Guru (Preceptor), serviço aos pais e yajina. Há quatro modalidades de yajina: pitr yajina (serviço aos ancestrais), nr yajina (serviço à humanidade), bhuta yajina (serviço aos seres inferiores) e adhatma yajina (serviço à Consciência Suprema). Para os estudantes, o estudo é a principal forma de tapah.
4. SVADHYAYA – significa estudar e busca compreender profunda e apropriadamente as escrituras
e os livros filosóficos.
e os livros filosóficos.
5. IISHVARA PRANIDHANA – é ter firme confiança implícita em Iishvara – o Controlador Cósmico -, seja no prazer, seja na dor, na prosperidade e na adversidade, e perceber a si mesmo, em quaisquer atividades da vida, como um instrumento e não como o controlador do instrumento.
Por Rogério – 12/03/2014