Biopsicologia & Tantra Yoga
A ciência da Biopsicologia, como a apresentamos, originou-se na Índia e foi transmitida por Prabhat Rainjan Sarkar, mestre espiritual yogue e pensador revolucionário fundador da Ananda Marga, uma associação que atua em todo o mundo transmitindo seus ensinamentos sobre yoga e meditação, educação neo-humanista, biopsicologia e PROUT – Teoria da Utilização Progressiva – um modelo sócio-econômico que visa combater a pobreza e diminuir as disparidades econômicas e sociais advindas do capitalismo.
Sarkar, chamado carinhosamente por seus seguidores de Baba (que quer dizer ‘querido, amado’), dedicou sua vida ao serviço à humanidade e sua obra literária e musical é vastíssima, abrangendo temas sobre espiritualidade, saúde, filosofia, ciência, economia e educação, entre outros temas. Seu principal legado, no entanto, foi em contextualizar a milenar tradição do Tantra Yoga para a humanidade dos dias de hoje.
O Tantra trata-se de um sistema de práticas muito antigo. Sua origem remonta possivelmente de mais de 13 mil anos, das frias montanhas dos Himalaias, onde hoje está localizada a Índia e o Paquistão. Nasceu como uma forma de xamanismo e suas vertentes ao longo da história se ramificaram em incontáveis tradições e escolas hinduístas e budistas – a tradição hindu aponta pelo menos sessenta e quatro Tantras e entre os mais conhecidos estão o Kúlarnava, o Mahanirvana e o Tantra Tattva Tantra. Um aspecto muito interessante sobre o Tantra é o fato de não ter sido tecido sob as tramas de vastas especulações filosóficas (como o Advaita Yoga) e sim de um sistema de ‘práticas’ que envolveram ao longo da história adorações ritualísticas, (especialmente dirigidas à deusa), magia, feitiçaria, artes divinatórias, ‘fisiologia esotérica’ (com um mapeamento detalhado do corpo sutil e psíquico), o despertar da kundalinii-shakti (o poder da serpente), técnicas de purificação física e mental, a natureza da iluminação, a sexualidade sagrada e cosmologia.
O termo Tantra deriva de duas raízes: ‘tan’ – expandir, estender, esticar; e ‘tra’ – liberar, emancipar. Ou seja, ‘aquilo pelo qual o conhecimento e a compreensão se expandem, ou se espalham’ – Tanyate Visataryate Janânam. Um texto trântrico, assim, destinasse a ampliar a compreensão, culminando no deslumbre da verdadeira sabedoria, ou vidya, em sânscrito.
Sarkar explicou o Tantra com as seguintes palavras:
“O que é Tantra? O processo de transformar animalidade, ou divindade latente, em Divindade Suprema é conhecido como Tantra. A prática espiritual que libera o aspirante do torpor ou da animalidade e expande o seu ser é a prática Tântrica (sádhana). Logo, não pode haver prática espiritual alguma sem Tantra. Prática espiritual significa a prática da expansão, e essa expansão não é nada mais que a liberação de todo tipo de amarras de torpor. A despeito de classe, crença, ou religião, aquele(a) que aspira pela expansão espiritual, ou faz algo de concreto, é um Tântrico. O Tantra em si não é nem uma religião nem um ‘ismo’. É a ciência espiritual fundamental.”
Segundo os ensinamentos de Sarkar, toda ‘verdade’ que experienciamos no mundo fenomênico é relativa ao ‘tempo, lugar e pessoa’. Assim sendo, mesmo as tradições espirituais mais antigas carecem de revisão e contextualização ao longo da história para que seu sentido e significado estejam vivos para atender às realidades sempre cambiantes do homem, da sociedade e do mundo. Quando isso não acontece, explica Sarkar, nascem os ‘dogmas’ e sentimentos de apego a tradições que já não fazem sentido e assim, a mente que deveria estar num processo contínuo de expansão e liberação, estagna na repetição de fórmulas vazias, cujos significados se perderam enquanto suas formas materiais se mantiveram. Em decorrência dos dogmas, a mente passa a se mover no sentido contrário ao ‘vidya’ – o conhecimento verdadeiro – ou seja, ‘avidya’ – a ignorância e obscuridade.
O objetivo da prática do Tantra Yoga é remover toda forma de ‘avidya’, de ignorância, afim de que o sádhaka – o aspirante espiritual – possa realizar o estado supremo de sua natureza e assim fundir-se com a fonte que o gerou, o Núcleo Supremo. Ao introduzir os conhecimentos da Biopsicologia, Sarkar teve por objetivo implementar um sistema de práticas baseadas na antiga tradição Tântrica e nas mais modernas pesquisas da ciência contemporânea que conferissem aos seus praticantes a capacidade de reconhecer as ‘propensões da mente’, ou seja, os psiquismos e emoções negativas como o medo, a raiva, a inveja, o ciúme, a ganância, o materialismo; assim como as propensões positivas como a afeição, a generosidade, a compaixão, o amor e, desta forma, tratar cada uma delas com base em suas raízes físicas, os hormônios, e psíquicas, os centros de energia vital, conhecidos como chakras.
Grande parte destas propensões negativas da mente são mantidas pela cultura global da atualidade que tem seus valores atrelados a princípios puramente materialistas como o consumismo desacerbado, o culto à vaidade, o medo propagado pela mídia e pela instabilidade econômica e social que criam ambiente psíquico propício para a proliferação de enfermidades anímicas como o estresse, a ansiedade, a depressão, o pânico e seus correlatos físicos: o câncer, os problemas cardíacos, nervosos, o descontrole das glândulas endócrinas e doenças psicossomáticas.
O legado da Biopsicologia é então um antídoto contra os males contemporâneos e também um instrumento de auto-conhecimento e emancipação pessoal e social que vêm de encontro às demandas do mundo nos dias de hoje!
Entre as práticas da Biopsicologia encontram-se:
Posturas de Yoga;
Técnicas de respiração;
Relaxamento profundo;
Meditação;
Visualizações;
Alimentação;
Fitoterapia;
Ecologia;
Música;
Auto-conhecimento e muito mais!
Satyavan – Rogério Meggiolaro -Psicólogo, instrutor de yoga, educador ambiental,
diretor do Instituto Sada Shiva.